terça-feira, 2 de agosto de 2011

Três grãos em uma cerveja... Karmeliet, uma iguaria belga

Para abrir os posts sobre cervejas, começo com uma das minhas favoritas: a excelente Tripel Karmeliet.

Essa bela cerveja belga tem suas origens no ano de 1679 proveniente dos monastérios das freiras carmelitas, em Dandermonde, região situada a cerca de 40 quilômetros da capital Bruxelas - interessante notar que o perído de início da produção correspondeu à época em que o país estava sob o domínio espanhol do imenso Império Habsburgo. Essa cerveja, classificada como Ale (cerveja forte), é histórica pelo fato de ter em sua produção, além da presença de lúpulo, o uso de três grão distintos: trigo, cevada e aveia, utilizados tanto na forma maltada quanto não maltada (6 grãos no total, pode-se dizer).

A produção a partir do século XVIII ficou nas mãos da família Bosteels e permanece até os dias atuais, valendo a menção de que essa família está na sétima geração de decendentes que continua a "tocar o negócio", possuindo atualmente uma cervejaria (criada na década de 1990) que produz também a Pauwell Kwak e a DeuS, sendo essa última conhecida por ser fabricada pelo Método Champenoise, com aspecto de champagne (claro), fermentações dentro da própria garrafa... mas não é dessa cerva que estamos falando - fica, talvez, para uma próxima ocasião comentarmos sobre a DeuS.

Vale mencionar também que, na opinião dos degustadores profissionais, a Karmeliet sempre se sai bem em "testes cegos", figurando não raramente entre as melhores posições nas competições de cerveja pelo mundo afora.

Seguem alguns títulos que a Karmeliet já conquistou:

Medalha de ouro na World Beer Cup (USA) em 1998;
Medalha de prata na World Beer Cup (USA) em 2002;
Medalha de ouro na World Beer Championship (Chicago-USA) em 1998;
Medalha de bronze no Brewing Industry International Awards (London) em 2004;
Medalha de ouro na European Beer Star Germany 2005; e
Título de "World's Best Ale" na World Beer Awards (WBA-London) em 2008.

Karmeliet em "garrafão" aqui em casa

No que diz respeito ao aspecto visual, a cerveja apresenta coloração dourada, translúcida e com enorme espuma, densa, branca, de longa duração. Ao colocarmos o nariz no copo, sobresaem-se notas cítricas de laranja e damasco, florais, além de levedura - na versão garrafão, é possível sentir aquele aroma do resto de Yakult que fica depositado após tomado, dada a fermentação que acontece naturamente ao abrir a garrafa - e um dulçor bastante marcante (proveniente da aveia), gostoso. Tudo isso sentido de forma clara, sem muitos esforços.

O sabor segue o aroma, valendo mencionar um certo sabor "picante", em decorrência da elevada presença de álcool - 8% -, que não atrapalha esse maravilhoso conjunto.

Recomenda-se servi-la, para uma melhor experiência sensorial, em temperatura entre 10º e 12ºC, além de evitar derramar no copo o fermento que fica depositado no fundo, pois, quando feito, altera bastante o sabor e aroma da cerveja.

O preço médio dessa breja aqui em São Paulo, nos bares, é de R$ 30,00 (garrafinha 330mL) e R$ 70,00 (Garrafão 750mL); já nos empórios é, respectivamente, R$ 19,00 e R$ 50,00 - Sim, pagamos muito mais caro quando bebemos no boteco.

Por fim, eu recomendo essa excelente tripel belga, que, com certeza, é uma das melhores que eu já provei e uma das melhores do mundo (se não a melhor) no estilo; e, independentemente do preço, a experiência sensorial, a descoberta de novos aromas, sabores são muito bem-vindas e prazerosas.

Não deixem de prová-la. 

Fontes:

http://www.bestbelgianspecialbeers.be
1001 Beers You Must Try before You Die - Adrian Tierney Jones
Conhecimento empírico, claro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo com tudo. Está no meu top 10.
A aveia, além de colaborar com o aspecto frutado proveniente do trigo, responde pelo aspecto aveludado; pelo "tapete" maravilhoso que cobre toda língua durante cada gole que deve ser cheio e percorrer toda boca.
Não recomendo misturar a levedura que deve ficar presa no fundo da garrafa junto com pelo menos 0,5 cm do precioso líquido. Sgundo o grande mestre Michael Jackson, nunca abaixo de 10 ºC.
Forte abraço e parabéns pelo bom gosto e pelos comentários.

Agora, aquele pano de fundo do twitter, pelamordedio... nota 3,5 hahahahahhaha

Ronald Tonelli