segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Gear Review - Neal Schon

Como havia prometido no post a respeito do "Eclipse", bom, eis alguns comentários a respeito do equipamento ("gear") que o Neal Schon usou nas gravações e na turnê do "Revelation", de 2008, e o que ele vem utilizando atualmente.
 
Neal Schon em 2011
O que me motivou a pesquisar e a escrever sobre o tema foi a mudança nítida que houve na sonoridade das guitarras nas músicas do Journey, principalmente quando comparamos, para ter uma noção mais clara e demonstrativa, "What It Takes To Win" e "Chain of Love" - respectivamente, dos mencionados discos.

Sem conhecer a fundo o equipamento do Schon, sempre soube, claro, que durante sua carreira foi usada a combinção matadora do rock: Les Paul + Marshall.

Mas... Ao escutar "Eclipse" vi que tinham diferenças e fui procurar as (possíveis) mudanças na configuração de seu equipamento.

Seguem as fotos das guitarras, do rack e da pedaleira utilizadas na turnê de 2008-2009 e, logo em seguida, o gear atual.

Guitarras - Turnê 2008


Cabeçotes Marshall e Racks
Metade da Pedaleira de Palco
Podemos notar de imediato que as guitarras utilizadas eram em sua grande maioria Gibson Les Paul, algumas tradicionais, vintage e outras modelo "signature". Além dessas, Schon sempre utiliza uma Fender Stratocaster antiga para tocar "Who's Crying Now" nos shows e um violão.

Com relação aos amplificadores vemos uma parede de cabeçotes Marshall, além de dois outros Bogner - Os primeiros são utlilizados para as passagens de guitarra distorcidas e o segundo, para as linhas mais clean, divididos em várias cadeias de sinal (especificamente 5 no total: 3 para o canal sujo e 2 para o limpo, em estereo). Ligado aos amlificadores está seu set de efeitos - muito provavelmente as combinações de ligação foram feitas pelo Bob Bradshaw - que contém pedais combinados com power amps e racks multiefeitos.

O "Bradshaw" é em um sistema de ligação em cadeia que foi inventado por esse engenheiro nos anos 80, utilizado por 8 entre 10 guitarristas que têm equipamentos mais complexos - Steve Vai, Alex Lifeson, John Petrucci etc. -  em que é possível utilizar-se de regulagens pré-definidas, acionadas por um controlador MIDI no palco, cuja finalidade é diminuir as "dançadas" para trocar efeitos de pedais individuais ao mudar de uma parte com distorção para outra limpa, com Chorus, Reverb e Delay.

A grande vantagem é poder utilizar efeitos analógicos (pedais individuais) juntamente com efeitos digitais (racks multiefeitos e simuladores de amplificadores) em uma cadeia de sinal dividida, com vários amplificadores, bastando, para mudar, por exemplo, de um timbre distorcido de Marshall para um clean, com chorus, oriundo de um amplificador Fender, apenas um clique no controlador que fica à frente do guitarrista.

Ideia genial essa para aqueles guitarristas, como o caso do Neal Schon, que utiliza efeitos analógicos para os drives e digitais para os moduladores de ambiência (reverb, delay, etc.).

Voltando ao set do Neal Schon, vemos alguns efeitos que não estão ligados na cadeia de sinal acima explicada, utilizados sobre tal configuração, conforme a necessidade do guitarrista ao vivo. Vemos, na foto, um pedal de compressão, um Wha Wha, um pedal de distorção e mais dois boosters - ficou faltando o controlador MIDI e o echoplex , que não saíram na foto, mas explicarei - e os mostrarei - no set up atual. Conforme dito pelo próprio guitarrista em entrevista, os dois Boosters são utilizados para, ora aumentar o volume na hora dos solos, ora dar uma leve saturada no som limpo da guitarra.

Para uma melhor compreensão do timbre do Neal Schon em 2008, é bem legal - além de escutar o disco "Revelation" - dar uma olhada no vídeo a seguir, filmado em uma passagem de som do Journey: http://www.youtube.com/watch?v=lGCZ1FPAGgs.

Paul Reed Smith Signature
Cabeçotes Blackstar e rack multiefeitos
Pedalboard de palco
Controlador do Echoplex
De 2008 para cá, o guitarrista deixou de utilizar as famosas Les Paul, parceiras de longa data, e passou a tocar com um modelo signature da Paul Reed Smith (tenho notado ultimamente que muitas bandas que vim a conhecer usam e abusam dessas guitarras - como exemplos temos o Opeth, o Porcupine Tree, além dos mestres Santana e Al Di Meola), guitarra essa bastante complexa, cheia de botões e switches, feita para quem relamente gosta de explorar uma variedade de timbres.

Os amplificadores também mudaram, deixando os clássicos Marshall de lado, Neal Schon veio a munir-se de cabeçotes da marca Blackstar. Confesso que não conheço muito dessa marca, nunca toquei com um desses, mas também tenho a impressão de que vem sendo bastante utilizado, pois ao visitar uma loja de música no shopping vi um deles na vitrine e, no Rock in Rio, o Rafael Bittencourt do Angra deixou de lado os cabeçotes Meteoro e estava com um Blackstar.

Sua pedaleira de palco não mudou muita coisa. Ele continua a utilizar o Wha Wha, o compressor - mas abandonou os boosters e a distorção analógica, utilizando agora um pedal de Fuzz para sons mais "setentistas" e um chorus analógico -, um pedal de volume para cortar o sinal, dois pedais de expressão para controlar a intensidade do Delay e do Reverb, respectivamente, a pedaleira MIDI - para as alterações mais gerais de timbres, conforme mostrado anteriormente - e um último pedal de expressão para o Echoplex.

Mas o que vem a ser esse tal efeito Echoplex que mencionei por todo o texto mas não expliquei? Trata-se de um efeito de loop, que repete o que o guitarrista toca; ou seja, o cara toca uma base e a põe para tocar enquanto sola sobre ela, simultaneamente, em uma sobreposição de sinais - essa "gravação" não impede que haja overdubs (uma linha de guitarra gravada sobre a outra), como por exemplo no caso de o guitarrista tocar uma base somente de acordes e em, seguida, fazer um tema para, finalmente, solar (tudo isso rolando ao mesmo tempo) No show aqui de São Paulo eu o vi utilizar o Echoplex umas duas ou três vezes - efeito bem legal, mesmo, somente para quem realmente sabe o que está fazendo. Não adianta um zé mané tentar fazer algo igual... vai ficar uma bosta.

Para se ter uma ideia do som hoje produzido por esse excelente guitarrista, vale, claro, dar uma escutada no disco "Eclipse" e dar uma olhada neste vídeo, feito em uma passagem de som neste ano: http://www.youtube.com/watch?v=Brpd8vfc1OE.

Em linhas gerais, percebemos que o som do Neal ficou bem mais pesado, com maior destaque para as frequências graves e médias - algo que já é mais suprimido nos Marshalls -, distorção mais saturada e moderna por natureza, além claro, de, em seu set ao vivo, a regulagem ter se tornado mais detalhada, já que a todo momento ele pode controlar a quantidade de efeito nos moduladores, ao invés de depender de presets programados em seu rack.

Tentei fazer uma análise - bem geral até - do equipamento desse grande guitarrista, destacando principalmente a mudança no equipamento que ocorreu do "Revelation" para cá, já que achei bem significativa a alteração em sua sonoridade.

Acredito ser importante dar uma atenção especial a outros aspectos da musica, não só em relação à qualidade das letras, dos solos etc., mas também no que diz respeito à qualidade da gravação de um disco, além, claro, dos timbres - inclusive os equipamentos - que os músicos utilizam.

Não vejo tal mudança com maus olhos. Essa modernização dos equipamentos faz parte da busca de novas sonoridades, saindo um pouco do paradigma "equipamento bom, só vintage", bastante válida para músicos que não ficam apenas presos ao seu passado... 
 
Mas confesso que é sempre bom ouvir aquele timbre de Marshall velho, cheio de reverb, típico das gravações oitentistas.
 
 



sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Rock in Rio

Como hoje começa a quarta edição do Rock in Rio aqui no Brasil (10ª edição, se contarmos as outras feitas durante os anos 2000 em Portugal e na Espanha), nada melhor do que fazer uma singela homenagem a um dos maiores festivais de música do planeta.


Infelizmente não pude ir nesta edição, mas espero que dê para ir na próxima, prevista para o ano de 2013.

Como destaques neste ano temos as seguintes bandas (em minha opinião, claro): Metallica, Motörhead, Jamiroquai, Red Hot Chilli Peppers e Guns n' Roses.

O problema, vejo eu, é que o festival deixou de ser voltado apenas ao público roqueiro, passando a abranger outros estilos, sobretudo o Pop - por questões comerciais, óbvio. Por isso, é comum vermos muitas porcarias se apresentando, como, por exemplo, Sandy e Júnior e Britney Spears em 2001 e, neste ano, Claudia Leite, Rihanna, Ivete Sangalo, além de outras merdas do gênero.

Mas, apesar disso, vale - e muito - a pena se enfiar em um busão e ir até o Rio de Janeiro para, além de assistir ao festival, dar uma passada na praia, tirar uma foto com o Drummond e, claro, tomar um chope de Delirium Tremens no Delirium Café, de Ipanema.

Voltando ao festival... Não querendo ser saudosista, mas acredito que dificilmente um festival tenha sido melhor que a primeira edição do festival, de 1985.

Digo isso pelo fato de ter vindo um grande número de bandas que eu particularmente curto - e muito - e, ainda mais, em grande parte no auge de suas carreiras.

Cito Queen, AC/DC, Ozzy Osbourne (na turnê do "Bark at the Moon", com o Jake E. Lee na guitarra), Scorpions (na turnê do "Love at First Sting" - o melhor disco da banda), Yes (na turnê do "90125"), Whitesnake (com Cozy Powell na bateria e John Sykes na guitarra) e, claro) o Iron Maiden na melhor fase de sua carreira, logo após o lançamento do "Powerslave".

Queen na edição de 1985


Na segunda edição, de 1991, houve uma ligeira queda na qualidade dos grupos, valendo destaque os seguintes: Guns n' Roses (no auge, após lançarem os clássicos "Use Your Illusion" I e II), Queensryche (na turnê do disco "Empire") e Judas Priest (na turnê do "Painkiller").

Por fim, na terceira edição, há dez anos, o único destaque vai para o Iron Maiden, que gravou um excelente disco ao vivo, destruidor. Nem digo nada a respeito do Guns n' Roses pois a banda não sequer contava com Slash e cia., apenas com Axl Rose nos vocais.

Nada melhor do que terminar esse post com alguns vídeos do festival, meticulosamente escolhidos por mim (algumas coisas clássicas, como Queen e Ac/Dc vão ficar de fora - quis escolher algumas músicas de outras bandas não tão manjadas atualmente, que também são fodas).

Aos que vão (foram) ao Rio ver os show, espero que aproveitem bastante, pois chances de se presenciar um festival de tal magnitude são poucas.

Espero que vocês curtam essa avalanche de bons sons.

----------------------------------------------------------------------------------------------

Scorpions, tocando "Bad Boys Running Wild".

http://www.youtube.com/watch?v=VczHSzeH7TM  

Ozzy Osbourne, com o Jake E. Lee na guitarra mandando muito bem, não devendo nada em relação ao falecido mestre Randy Rhoads, em "Flying High Again".

http://www.youtube.com/watch?v=CVKank3iUJI

Whitesnake, tocando "Crying in the Rain" na versão que viria a ser lançada no excelente album "1987".

http://www.youtube.com/watch?v=s8N864UoJMI 

Yes, com o clássico "Roundabound". Não preciso comentar nada. A competência dos organizadores em trazer uma banda dessa qualidade foi digna de aplausos.

http://www.youtube.com/watch?v=OudJKwdZmnk 

Iron Maiden, abrindo o show com "Aces High". Só que já viu ao vivo sabe a emoção de assistir a essa grande banda. Melhor ainda deve ter sido estar aí, nessa galera.

http://www.youtube.com/watch?src_vid=xHOkBN9bR_Q&feature=iv&v=2zd3EhikqCc&annotation_id=annotation_443

Judas Priest tocando "Painkiller". Não precisa de mais nada. Hoje não imagino isso tocando na Globo. Definitivamente, não mesmo.

http://www.youtube.com/watch?v=l1slEeEZ9QY  

Queensrÿche executando "Best I Can", com o Geoff Tate em forma, mostrando por que já foi uma dos melhores vocalistas de metal. 

http://www.youtube.com/watch?v=xVIIjE3e9jA  

----------------------------------------------------------------------------------------------

Carlos Drummond de Andrade

Copacabana
Delirium Café - Ipanema