quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Melhores discos de 2011 (parte 01)

Final de ano chegando, é sempre bom fazer um balanço do que foi lançado no mundo da música. E, claro, não podia deixar de fazer uma lista com os 10 (dez) discos que mais me agradaram em 2011.

Sobre cada um dos escolhidos faço um comentário e indico algumas das melhores faixas de cada álbum.

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09 - House of Lords - Big Money


O House of Lords é uma banda britânica de Hard Rock Melódico e AOR, que já está na ativa há mais de 20 anos, formada pelos músicos do Giuffria, no final da década de 80 e empresariada, no início da carreira, pelo Gene Simmons. Da formação original só está na banda hoje o vocalista e "maestro" James Christian, que nos apresenta uma aula de vocal. Parece que quanto mais velho fica, melhor canta... Esse é o oitavo disco da carreira da banda, que se apresente em um nível bem superior dos bons "Come to my Kingdon", de 2008 e "Cartesian Dream", de 2009, lembrando bastante o que a banda fez em seu debut de 1988, considerado um dos melhores discos de AOR de todos os tempos. Temos aqui um belo disco, com a presença marcante dos teclados, grandes riffs e solos de guitarra - vale dar um belo destaque para o trabalho do guitarrista Jimi Bell, bastante virtuoso, nota 10 - , vocais "com pegada", modulações nas músicas, belas baladas, etc. Eu destaco as seguintes faixas: "First to Cry", um cover de uma música nunca lançada pelo Mark Free, "The Next Time I Hold You", uma balada digna de figurar no primeiro disco da banda, "Hologram" e "Seven".

Um típico disco de AOR, matador. Altamente recomendado.

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10 - Yes - Fly From Here

 
Uma das melhores bandas de rock progressivo lançou, neste ano, seu décimo oitavo álbum de estúdio, denominado "Fly From Here". Este é o segundo disco da carreira sem contar com os vocais do mestre e fundador da banda Jon Anderson. O primeiro desses discos foi o clássico "Drama", de 1980, muito mal visto à época, pelo fato de a banda estar se aproximando da sonoridade pop dos anos 80, consagrada no belo álbum "90125", "abandonando" o progressivo clássico. Com o passar do tempo, porém - como muitos discos que há por aí -, passou a ser respeitado pelos fãs e críticos da banda. A formação do disco de 1980 é muito semelhante à deste álbum em comento, contando com Steve Howe nas guitarras, Chris Squire no baixo, Alan White na bateria, Geoff Downes nos teclados e Bernoit David nos vocais (um vocalista de uma banda tributo ao Yes), no lugar de Trevor Horn, que, antes vocalista da banda no "Drama", produziu e co-escreveu as canções deste disco com a banda.

Não tem nem como querer dizer que o disco é ruim, pois nada do que a banda lançou em sua carreira pode ser considerado como tal. Com músicos desse nível - BEM acima de 99% do que vemos por aí na música em geral - o disco não pode ser sequer cogitado um fracasso, porém não chega ao nível dos clássicos dos anos 70, "Close to the Edge", "Tales From Topographic Oceans" e o próprio "Drama" - mesmo lançado em 1980. O grande filé do álbum é o suiteFly From Here” - dizem que era uma música que deveria ter sido lançada no Drama -, dividida em 6 (seis) partes - Overture e mais 5 (cinco) movimentos - , que abre o CD, transbordando musicalidade, criatividade, com passagens bastante melódicas, teclados que remetem aos anos 70, belas linhas vocais, de baixo e de guitarra. O resto do disco, as cinco faixas restantes, mantém o alto nível, mas não chegam a ser o "quê" do álbum. 

Um ótimo disco para começar a nossa lista de melhores do ano.

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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Deuses e Santos


É com a frase que o Juca Kfouri abriu ontem o "Linha de Passe" na ESPN Brasil, de autoria de um jornalista espanhol, que dou nome a esse post (o primeiro sobre futebol do blog), resumindo o que foi o confronto entre Santos e Barcelona.



Domingo. 18/12/2011. O jogo mais esperado do ano para os amantes do futebol...

De um lado o vencedor da Libertadores, o Santos, com seu time que encantou os brasileiros pelo modo alegre de jogo, buscando sempre o ataque, sem o pragmatismo do "futebol resultado". Além disso, nesses dois últimos anos, os dois melhores jogadores brasileiros da atualidade, as estrelas do Santos, Ganso e, óbvio, Neymar, deitaram e rolaram.

Do outro lado, apenas o melhor time do planeta, o Barcelona, com Messi e cia., campeões da Champions League, marcado pelo grande número de estrelas - que jogam pelo (e para) o time, diferentemente de muitos outros por aí... -, pelo toque de bola envolvente, preciso e mortal, e pelas constantes infiltrações dos jogadores de meio de campo (Messi, Xavi, Iniesta e Fábregas) que resultam em gols, pegando sempre as defesas de todo os times do mundo desprevenidas.

Esse era o confronto que eu e todos gostaríamos de ver: o melhor time do Brasil, com o ídolo Neymar, contra o Barcelona, com o melhor jogador do mundo, Messi. Só de saber que dois dos poucos times que "jogam bonito" poderiam se enfrentar, ainda mais envolvendo um duelo entre as monstruosas estrelass de cada equipe, já dava aquela ansiedade e iniciavam-se os comentários: "o Barça vai atropelar..", "o Neymar vai deitar...", e por aí vai.


Essas especulações foram de julho até domingo passado.

Resultado: Barcelona 4 x 0 Santos.


Bom... Diferentemente do que era desejado pelos amantes do futebol, sobretudo pelos brasileiros, apenas o Barcelona jogou fazendo o seu papel: massacrando o adversário. O Santos de Neymar e cia. foi, infelizmente, apático: não fez nada, apenas viu os melhores do mundo jogar. A camisa catalã pesou, e muito.

Evidentemente, o Santos foi dominado. Presa fácil.

Só que esse resultado não é assustador. Até o grande Real Madrid (2º melhor time do mundo?) já tomou de 5 do barça, recentemente em casa.

Vamos aos defeitos da equipe santista.

Um problema que eu vi foram as trocas de passes erradas, nos mínimos momentos em que os santistas tinham a bola. O PVC da ESPN falou isso no jogo anterior (contra o Kashiwa Reysol), e aconteceu novamente, só que agora contra os melhores jogadores do planeta, famosos pelo domínio de bola e as trocas de passe perfeitas. Não deu certo.

Outra coisa: o Santos desperdiços três chances de gol (acredito eu): a 1ª com o Borges, durante a primeira etapa; a 2ª no chute em que o Neymar deveria ter dado um toque por cima do Valdes; e a 3ª na jogada em que o Ganso não aproveitou o passe do Neymar após o drible sobre o Puyol na grande área.

Todo o jogo de final de mundial é da mesma forma: massacre europeu, mas com gol do time sulamericano. Exemplos: São Paulo em 2005 - uma chance, um gol + massacre do Liverpool com milagres do Ceni; Inter em 2006 - uma chance de contra-ataque, um gol + massacre do barça... e por aí vai.

Em jogos assim, em que a superioridade do adversário é evidente, não pode acontecer isso: apareceu uma chance, tem que converter. Sem dó. Com frieza.

Além disso, o Muricy armou mal o time – não condeno o melhor treinador do Brasil por isso, com certeza não -, botou uma formação com a qual não treinou e que jogou pouquíssimas vezes - com três zagueiros -, quase sempre quando o jogo já estava ganho nas partidas do brasileirão.


A defesa com três zagueiros, mais dois alas que cobriam as laterais e com dois volantes próximos ao trio de zaga - acredito eu, para não deixar "aquele espaço" (vide o jogo final da Champions deste ano, contra o Manchester United) em que o Messi gosta de jogar: entre as linhass de volantes e a defesa - não funcionou, claro. Os 7 (sete) homens que ficaram embolando a "zona do agrião", quando roubavam a bola, não tinham para quem tocá-la, já que eram aqueles que deveriam dar a saída no jogo e servir para o Ganso no meio e Neymar e Borges na frente.

Ou seja, o trio do ataque acabou se isolando por que não tinham jogadores no meio campo para fazer a ligação das poucas roubadas de bola que a defesa fazia, pois quase todo o time estava nesta função.

Ao contrário dos outros vencedores da competição: São Paulo, Inter e Estudiantes, seus técnicos não inventaram nada. Jogaram da mesma maneira, apertando a marcação, claro, mas sem improvisos.

O Santos não fez isso, buscou "tentar anular" o adversário. Não é assim que as coisas funcionam, ainda mais em se tratando do Barcelona.

O trio de mais talento do peixe, Neymar, Ganso e Borges, ficou sumido, conforme já mencionado. Eu, porém, não os culpo pela derrota: do jeito que a partida foi se desenrolando, com o domínio completo dos catalães, não tinha como eles voltarem a todo o momento recuperar a bola e sair de um lado a outro do campo e fazer o gol, pois a marcação do Barcelona era de pura pressão nos poucos momentos em que o adversário estava com a bola. Acredito ter sido esse jogo um grande aprendizado, sobretudo para os dois primeiros, em que eles viram como se JOGA futebol. O melhor jogador do Brasil estava abatido após a partida, era evidente, mas foi humilde e reconheceu que tiveram uma "aula de futebol", e que deveria melhorar bastante. São derrotas assim que constroem um melhor jogador do mundo...


Outros dois momentos me chamaram a atenção: o primeiro durante a entrada, no túnel do estádio, dos dois times, em que o Neymar esta atrás do Messi. O modo como ele olhava para o argentino, admirando-o, como se pensasse “É o Messi. Eu vou jogar contra ele, etc.” evidencia o patamar em que cada um deles se encontra no momento – o Neymar é um grande jogador, tem tudo para ser o melhor do mundo em breve, mas o baixinho argentino já é o melhor do planeta... Não adianta querer comparar ambos. Não mesmo. 

O segundo momento ocorreu durante a entrega dos prêmios aos melhores jogadores do torneiro, com Neymar em 3°, Xavi em 2°, e Messi em 1° lugar, em que durante a foto, dava para notar claramente que havia um menino entre dois homens, Achei bem emblemática essa imagem, pois representa aquilo que o jogador santista deve ter percebido logo após a derrota: “Vi um time de verdade jogar” e “Sou apenas um garoto. Esses caras – os melhores do mundo – já são homens. Bola no chão... Bola no chão”.


 
Eu chego à conclusão de que o Santos não deve ser condenado pelo “erro” na escalação do Muricy, pelo “sumiço” das estrelas do time e nem pelo “chocolate” que levou. Acredito sim que o maior problema foi a apatia do time, que se rendeu aos catalães. Quanto ao Barcelona, vimos mais uma apresentação de gala do futebol, um time que daqui a alguns anos nos lembraremos, assim como o Brasil de 82 ou o Santos do Pelé. Devemos aproveitar para ver Messi e sua trupe o máximo que der, pois estamos vivendo a História desse belo esporte. Quanto ao Neymar, por fim, acredito que esse jogo foi (e será) um momento decisivo na carreira dele, para seu amadurecimento como profissional.

Um belo jogo foi esse, sem mais.