quarta-feira, 17 de agosto de 2011

4:20

Eram quatro e vinte, exatamente.

Olhou novamente para o relógio, cumprimentou os quatro amigos. Estavam no local combinado - o parque já conhecido, no grande verde tapete, onde jogavam conversa fora.

Pegou o ônibus. Foi para casa. Comeu. Leu o romance indicado por Paula. Caiu no sono... Acordou. Estava no terminal. Muitos passavam. Velhos. Mulheres, feias. Crianças. Ambulantes. Amputados. Imerso em pensamentos - sentia frio, lembrou do almoço, calor, agachou-se. Estava no jogo. Com a 10. Pelé. Paula torcendo por ele. Fez um golaço. Passou a bola. Foi fominha. Estava na aula. Na sala. Dentro do boteco. Fora. No corredor. No alambrado. Ramones (gosto). Com os camaradas, sempre eles. Acordou, com Paula. Ah.......... Paula. Amou. Brigou. Odiou. Arrependeu-se. E disse as três palavras. Suicidio. Lembrou de Dostoievski, Raskolnikov, Nástienka, Karamazov. Rasputin - que beleza. Tenho que comprar. Pão. Leite. Mais. Está acabando. Terminal. Rodovia. No ônibus. No parque. No cinema - nadou, nadou - Paula ao seu lado. E cansou.

Olhou novamente para o relógio, para os amigos. Deu um suspiro.

Eram quatro e vinte, mais alguns segundos.

2 comentários:

Ricardo de Castro disse...

Curti o texto fragmentado. Dá o "clima" exato que tu quer passar. Só não saquei de onde veio isso e se vai parar em algum lugar depois, rs. Ou a intenção já se encerrava no próprio texto. De qualquer jeito, muito bom! Abs.

Genius disse...

Foda...

Ao mesmo tempo que é confuso é intrigante. Adorei o formato que você escreveu a história, espero que não pare por ai....